Rodrigo Foureaux Bia Foureaux[1] Resumo O presente texto aborda, sob a perspectiva da neurociência aplicada, como o estresse extremo influencia a tomada de decisão na atividade policial. Discute-se como situações de risco iminente ativam mecanismos neurofisiológicos que reduzem a capacidade racional, priorizando respostas automáticas de sobrevivência. Em contrapartida, demonstra-se, com base na literatura científica, que o treinamento constante, realista e exaustivo tem a capacidade de mitigar os efeitos do estresse sobre o cérebro, favorecendo respostas técnicas, controladas e eficazes. O texto também propõe uma reflexão crítica sobre a corresponsabilidade das instituições de segurança pública, que, muitas vezes, não oferecem treinamento adequado e, posteriormente, punem seus agentes por respostas operacionais condicionadas por esse déficit formativo. Palavras-chave: Estresse; Neurociência; Tomada de decisão; Polícia; Treinamento; Responsabilidade institucional. Introdução A atividade policial frequentemente expõe seus profissionais a situações de elevado risco, nas quais a tomada de decisão precisa ocorrer em frações de segundo e sob condições fisiológicas adversas. Diante de um cenário de ameaça iminente, como um confronto armado, o cérebro humano aciona sistemas neurobiológicos cuja função primordial é garantir a sobrevivência. Contudo, esse mesmo mecanismo, essencial à autopreservação, compromete a capacidade de realizar julgamentos racionais, favorecendo reações instintivas, muitas vezes desconectadas da […]
Para visualizar nossos conteúdos na íntegra, você precisa ASSINAR O CJPOL.
Se você já é assinante, faça login aqui.