Pensamento Crítico em Análise Criminal
Fritz et al. (2017) utilizam do conceito de pensamento crítico adaptado da Army Management Staff College: O pensamento crítico na análise do crime é um pensamento disciplinado e autodirigido. Inclui o reconhecimento dos próprios pontos fortes e fracos com o objetivo de melhorar os processos de pensamento para conduzir um melhor trabalho analítico. (Eichhorn, n.d.) O pensamento crítico também pode ser definido como pensamento indispensável. Esta habilidade aplicada é essencial para se tornar um analista mais eficaz. O pensamento pode ser melhorado fazendo boas perguntas. Na verdade, fazer e responder perguntas relevantes são os alicerces do pensamento crítico. As competências de pensamento crítico também dependem de uma base de conhecimentos adequada. Bons pensadores críticos possuem conhecimento abrangente em múltiplas áreas relevantes. A capacidade de raciocinar e conduzir investigações lógicas é fundamental para o pensamento crítico. Enquanto a lógica se baseia em premissas que são conhecidas ou consideradas verdadeiras, o raciocínio é a capacidade de tirar conclusões precisas com base em observações e no conhecimento de causas e efeitos. Vamos explorar alguns tipos de raciocínio que os analistas criminais conduzem regularmente, seja consciente ou inconscientemente. O raciocínio dedutivo envolve pegar um fato geralmente conhecido e aplicá-lo a um fato específico ou […]
Análise Criminal Qualitativa
Há nas Ciências Policial e Sociais, vasta literatura sobre as diferenças na aplicação dos métodos quantitativos e qualitativos para estudo do crime. Os métodos quantitativos se baseiam em estatísticas para determinar a frequência e importância da atividade criminosa, o volume e densidade do crime, as correlações entre o crime e outras variáveis. Por outro lado, a análise qualitativa, se baseiam nas observações diretas (fonte primária) ou em citações de outras fontes e na avaliação de notas de campo. A tentativa de focar no comportamento criminoso exige que se compreenda a própria interação humana, seja legal ou ilegal. Para tanto, os analistas, muitas vezes, buscam diretamente em campo a fonte das informações, para ver por si mesmos o que está acontecendo e estudar o conteúdo em que os fenômenos ocorrem. Neste sentido, a análise qualitativa incorpora informações de pesquisa de campo, análise documental ou de conteúdo, entrevistas, postagens em mídias sociais e perspectiva cultural. Essas fontes podem e devem ser usadas compreender melhor o âmbito e a natureza dos padrões e problemas e realizar avaliações aprofundadas de questões de segurança pública. A análise qualitativa também requer habilidades de pensamento crítico aguçadas, a fim de discernir o relevante do irrelevante e incorporar […]
Análise Quantitativa: Estatística Descritiva
Estatística é a ciência que coleta e organiza os dados e, em seguida, tira conclusões com base nesses dados (Price; Chamberlayne, 2017). Existem basicamente três tipos de estatística: descritiva, multivariada e inferencial. As estatísticas descritivas resumem grandes quantidades de informações de maneira eficiente de fácil compreensão. As estatísticas multivariadas permitem comparações entre fatores, isolando o efeito de um fator ou variável do outros que podem distorcer as conclusões. As estatísticas inferenciais sugerem afirmações sobre uma população com base numa amostra extraída dessa população (Price; Chamberlayne, 2017). Níveis de medição Um conceito que se aplica tanto à pesquisa quanto à estatística são os níveis de medição. A medição é um processo de atribuição de números ou rótulos a unidade de análise ou itens em estudo. Os números são atribuídos de forma que se permita que sejam analisados estatisticamente. Existem quatro tipos de medições: nominal, ordinal, intervalo e razão. A seguir veremos as especificidades de cada uma delas. Nominal O nível nominal de medição é o processo de classificação dos dados em categorias. É o nível mais baixo de medição e todas as categorias devem ser exaustivas, abrangendo assim todas as observações que possam existir. Além disso, as categorias devem ser mutuamente […]
Dados policiais e recursos de análise de dados
O objetivo deste artigo é fazer uma revisão sobre as principais fontes de dados utilizadas para análise criminal. A compreensão da análise criminal perpassa pela compreensão de como os dados são coletados, para tanto, começaremos abordando a questão dos tipos de dados (quantitativos e qualitativos), bem como as fontes de dados (primárias ou secundárias). Posteriormente, buscamos indicar as principais bases de dados utilizadas para análise criminal. 1.1 Uma visão geral sobre as fontes de dados Para realização da análise criminal são utilizados dados qualitativos e quantitativos. 1.1.1 Dados qualitativos e sua análise De maneira geral, os dados qualitativos são não numéricos e são coletados como narrativas, comentários em uma chamada de emergência, históricos de boletins de ocorrência, oitivas em processos e procedimentos administrativos ou judiciais. A análise qualitativa é realizada por meio da técnica de análise de conteúdo. A análise de conteúdo é conceituada por Bardin (1977) como […] um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens obter, indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. Trata-se de “uma técnica de investigação que, através de uma descrição […]
Processo de análise criminal
Antes de iniciar um processo de análise criminal, o profissional responsável deve possuir uma gama de conhecimentos. De maneira geral, as áreas específicas de conhecimento mais valiosas para os analistas criminais são: Além desses conhecimentos pretéritos, o analista criminal deve ter acesso a diversas tipos e fontes de dados. O processo de análise criminal envolve seis etapas: 1.1 Coleta e gerenciamento de dados 1.1.1 Fontes de dados Dados sobre incidentes que ocorrem dentro da jurisdição do analista. Estes são os dados primários de um analista. Esses dados podem incluir relatórios de crimes, relatórios de prisões, registros de chamadas de serviço e relatórios de acidentes de trânsito. Dados de outras agências que possam ajudar um analista a identificar fenômenos. Os dados de outras agências incluem aqueles referentes às mesmas naturezas dos dados disponíveis na Agência de Polícia do analista (por exemplo se o analista pertence a Polícia Militar, dados oriundos de Boletins de Ocorrência) mas que pertencem a outras unidades federativas, ou dados disponíveis em outras agências policiais/instituições (Bancos de dados da Polícia Civil, Polícia Penal, Guardas Municipais, Polícia Federal etc.), bem como de outras organizações não policiais (Receita Federal, por exemplo). Dados sobre a jurisdição/circunscrição de atuação da Agência Policial […]
Conceito e classificação da análise criminal
A análise do crime é um dos vários tipos de análise que se enquadram num macrotítulo denominado “análise de aplicação da lei”, “análise de segurança pública” ou “análise policial” (BRUCE, 2008). A “análise da aplicação da lei” é provavelmente a mais comum. A análise criminal pode ser conceituada como […] o estudo sistemático dos problemas de criminalidade e desordem, bem como de outras questões relacionadas com a polícia – incluindo fatores sociodemográficos, espaciais e temporais – para ajudar a polícia na apreensão criminal, na redução da criminalidade e da desordem, na prevenção e avaliação do crime (BOBA, 2008, p. 3). A International Association of Crime Analysts (IACA) definiu o conceito de Análise Criminal como sendo A análise criminal é uma profissão e um processo em que é utilizado um conjunto de técnicas quantitativas e qualitativas para analisar dados valiosos para as agências policiais e suas comunidades. Inclui a análise do crime e dos criminosos, das vítimas do crime, da desordem, das questões de qualidade de vida, das questões de trânsito e das operações policiais internas, e os resultados apoiam investigações e processos criminais, atividades de patrulha, estratégias de prevenção e redução do crime, resolução de problemas e a avaliação dos […]
Dados, informações e conhecimentona análise criminal
Uma metáfora que explica o trabalho do analista é a do escultor. Algumas esculturas são criadas combinando e moldando pedaços de argila, da mesma forma que um analista cria informações combinando pedaços de dados desconectados. Outras esculturas são criadas esculpindo pedaços de pedra para revelar uma forma interna, da mesma forma que um analista filtra e estratifica pedaços de dados para encontrar aquele que revela um padrão ou tendência, fato ou verdade. A matéria-prima do analista são os dados, que podem vir de inúmeras fontes. A partir desses dados, o analista procura criar informações, que depois entrega ao seu “consumidor” – a agência policial. Esta informação, uma vez internalizada, torna-se conhecimento para nortear a ação policial. Segundo Davenport e Prusak (1998, p. 2), dado é o “conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos”, sendo assim resume-se na descrição de algo ou de algum evento, que não têm significância em si e, portanto, não possuem relevância. Porém, os dados são pontos de partida para gerarem a informação. As informações, por sua vez, “são dados interpretados, dotados de relevância e propósito” (Drucker, 1999, p. 32). Desta forma, a interpretação é que dá significância ao dado, gerando informações. E conhecimento, segundo […]